Entre as ações que devem ser desenvolvidas até outubro de 2020 estão o desenvolvimento de um portal web do Corredor das Missões Jesuíticas (CMJ), a criação de um observatório de estatísticas de turismo do roteiro internacional e um concurso para selecionar projetos privados de caráter inovador, voltado especialmente a microempreendedores individuais, pequenas empresas e startups ligadas ao turismo na região.
O ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, avalia que a parceria “é um modelo de integração de projetos públicos e privados, viabilizando ações de alto impacto inclusivo e gerando novos negócios, produtos e serviços turísticos na região”. Ele defende que as ações de apoio à inovação empresarial ao longo do CMJ geram um novo ecossistema econômico para o desenvolvimento de MPEs nas regiões brasileiras envolvidas no projeto. “A internacionalização no turismo traz novos modelos de gestão e inovação, forte fator de indução do desenvolvimento”, acredita Lummertz.
O BID, que destinou US$ 500 mil para a elaboração do planejamento das ações de apoio à rota integrada, classifica o Corredor das Missões Jesuíticas (CMJ) como um dos mais amplos do mundo, equiparável ao peso histórico e cultural da Rota da Seda, da Ferrovia Transiberiana e da Rota 66 norte-americana.
De acordo com o banco, o projeto foi identificado como uma oportunidade de impulsionar o desenvolvimento turístico regional, alinhada à política de trabalho da instituição. A avaliação do BID é que o apoio à elaboração do estudo dê origem a projetos futuros que potencializem o mercado de viagens em toda a região do Cone Sul.
Um estudo da Organização Mundial do Turismo apontou que projetos transnacionais baseados em produtos turísticos compartilhados são mais efetivos para impulsionar a integração regional que projetos de outros setores econômicos.
Para Marcos Mattos, secretário-executivo da Funmissões, entidade-membro do Conselho Diretivo de gestão internacional do CMJ, “tirar a integração do papel é criar uma nova matriz econômica para a região. A gestão pública e os parceiros privados amadureceram e estamos todos investindo na força desta ideia. O objetivo é fazer com que os destinos deem as mãos e trabalhem juntos pelo desenvolvimento. Jamais conseguiríamos fazer isso sozinhos sem o apoio decisivo do MTur e do BID”, destacou.
O projeto também apoiará a revisão de marcos de harmonização turística regional, como os trânsitos fronteiriços, para facilitar o fluxo de visitantes entre países.
INFRAESTRUTURA – O acordo internacional de cooperação técnica fortalece os projetos de infraestrutura que serão financiados pelos países no âmbito do Programa Global de Crédito do Banco Interamericano de Desenvolvimento (PGC-BID).
Em agosto de 2017, durante a primeira reunião do Conselho Executivo da Rota Jesuítica Internacional da América do Sul, a assinatura da carta de adesão do Brasil PGC-BID foi o marco inicial da integração regional dos países envolvidos. O valor total da iniciativa é de US$ 100 milhões e será distribuído em ações de infraestrutura turística para as cinco nações parceiras.
Da parte do Brasil, uma das obras previstas é a construção da Ponte Internacional Porto Xavier (Brasil) – San Javier (Argentina).
ROTEIRO – A imponência e importância histórico-cultural das Ruínas de São Miguel das Missões (RS), no Noroeste gaúcho, garantiram ao conjunto remanescente dos Sete Povos das Missões Jesuíticas o título de patrimônio cultural da humanidade concedido pela Unesco. O local fez parte da história da Companhia de Jesus, que tinha o objetivo de doutrinar e catequizar a população indígena da região.
Também integram o roteiro turístico, na parte brasileira, a Aldeia Guarani, o Museu das Missões, a Cruz Missioneira, a Fazenda da Laje, a Fonte Missioneira, o Ponto de Memória Missioneira e o Pórtico com escrita em guarani – CO YVY OGUERECO YARA, que significa “esta terra tem dono”. A Catedral Angelopolitana de Santo Ângelo e os Sítios Arqueológicos de São João Batista, São Lourenço e São Nicolau estão na lista de outros atrativos do circuito.
Uma curiosidade é que as missões eram compostas basicamente de igreja, colégio, oficinas, cemitério, cotiguaçu (casa grande das viúvas que, entre outras atribuições, cuidavam dos órfãos) e hospedaria. Em volta da missão, as casas dos nativos formavam a redução indígena. O modelo de sociedade das reduções jesuítico-guaranis de 1627 é considerado, por alguns historiadores, “a primeira cooperativa do mundo”.
Fonte: Ministério do Turismo
Um dos símbolos remanescentes mais emblemáticos do período das reduções jesuíticas é o sino que ficava no alto da torre da igreja e hoje está exposto no Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo. Foto: Jefferson Bernardes/Banco de Imagens MTur