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Procura por viagens volta a crescer, mas pacote turístico fica mais enxuto

CVC e Costa Brava registraram recorde de vendas em março. Dólar estável, retomada do turismo de negócios, feriados prolongados e FGTS estimulam recuperação.

Apesar da ainda lenta recuperação da economia brasileira, o setor de viagens começa a registrar sinais de retomada na venda de pacotes turísticos para destinos nacionais e internacionais e também nas viagens corporativas. A ABAV passou a projetar uma alta de 10% a 12% nas vendas em 2017. Já a Abracorp espera uma alta de ao menos 5% após 2 anos seguidos de queda (em 2016, as vendas caíram 6,5% ante 2015).

“Janeiro e fevereiro ainda foram meses ruins, mas percebemos um reaquecimento no número de viagens em março. Eventos que estavam engavetados voltaram a acontecer e o mercado realmente voltou”, afirma Rubens Schwartzmann, presidente do Conselho de Administração da Abracorp e diretor-geral da Costa Brava Viagens. “Março foi o melhor mês da nossa história e fechamos o 1º trimestre com um crescimento de 21% nas vendas”.

Segundo o presidente da ABAV, Edmar Bull, outros fatores que também vêm contribuindo para uma maior procura por viagens estão o maior número de feriados prolongados em 2017 (9 no total), os saques das contas inativas do FGTS, o dólar mais estável e, sobretudo, a capacidade de adaptação do brasileiro.

O Ministério do Turismo estima que somente as viagens nos fins de semana prolongados injetarão R$ 21 bilhões a mais na economia neste ano. Outros R$ 1,6 bilhão de recursos extras deverão vir dos saques das contas inativas do FGTS, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Líder no país, a rede CVC teve em março o maior volume de vendas da sua história – a companhia tem 44 anos. A empresa vendeu R$ 554 milhões em reservas no segmento de turismo de lazer, superando marca anterior de R$ 538 milhões, registrada em outubro.

No 1º trimestre, as vendas cresceram 6,2% na comparação com os 3 primeiros meses do ano passado, considerando apenas as agências que já estavam abertas, acima da inflação no período (4,76%). Em número de reservas confirmadas em todas as operações do grupo, a alta foi de 11,9%.

Apesar do aumento das vendas, a empresa diz que o perfil dos pacotes contratados passou a ser mais enxuto, com menos dias de viagens, estadia em hotéis mais econômicos e mais uso do meio de transporte terrestre.

“O ticket médio da companhia segue estável há pelo menos 4 anos”, revela o presidente da CVC, Luiz Eduardo Falco. Segundo ele, a média dos pacotes vendidos é de R$ 1.390, sendo “100% parcelados” em até 12 vezes.

Os destinos mais procurados pelos clientes seguem os mesmos: Porto Seguro, Maceió e Natal no turismo doméstico; Orlando, Buenos Aires e Punta Cana no internacional.

Segundo a CVC, o crescimento das vendas no 1º trimestre foram impulsionadas pela recuperação do segmento internacional em meio a um dólar num patamar mais estável ao redor de R$ 3,20. O número de reservas confirmadas disparou 37,1% na comparação com os primeiros 3 meses do ano passado.

Dados do Banco Central mostram que os gastos dos brasileiros no exterior subiram 75% no primeiro bimestre deste ano, para R$ 2,93 bilhões. O aumento de gastos de brasileiros lá fora coincide com a desvalorização da moeda norte-americana (queda de 3,65% no acumulado no ano até março), o que barateia, por exemplo, gastos com hotéis e passagens no exterior, que são cotados em moedas estrangeiras.

Apesar da retomada da procura por viagens para o exterior, a participação dos pacotes internacionais na receita total da empresa ainda segue abaixo do patamar histórico de 40%.

“Quando começou a crise e o dólar foi a R$ 4, a participação do internacional caiu para 25%. Com o dólar a R$ 3,20, o internacional realmente vem crescendo, já está ao redor de 35%”, afirma Falco.

Os números de janeiro e fevereiro dos embarques nos aeroportos de Guarulhos, Galeão e Viracopos indicam estabilidade no número de passageiros transportados para o exterior na comparação com os dois primeiros meses do ano passado. Nas companhias aéreas brasileiras, entretanto, o número de passageiros em voos internacionais cresceu 6,7% no bimestre, na contramão do mercado doméstico, que acumula 19 meses seguidos de queda de demanda. Os números de março só devem ser divulgados na segunda quinzena de abril.

“O turismo internacional está voltando, mas ainda lentamente porque o custo ainda é muito alto para as famílias”, destaca o presidente da Abav.

A estratégia dos operadores para alavancar as viagens internacionais em tempos de crise foi passar a adaptar os pacotes ao bolso mais curto dos brasileiros.

(Portal: G1 – 06/04/2017 – Foto: Jonathan Lins / G1)

 

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